O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (17) que os Estados Unidos, sob o governo de Donald Trump, estão rompendo com a tradição de livre comércio defendida desde os anos 1980. Durante um evento da Petrobras, o petista destacou que o Brasil é um país pacífico, mas não aceitará “desaforo” nas relações internacionais.
“Todo dia tem uma ameaça, todo dia tem uma coisa”, disse Lula, referindo-se às medidas protecionistas de Trump. “Cadê o livre comércio que foi tão apregoado? E aí começa a ameaçar o mundo.”
O presidente também criticou a adoção de barreiras comerciais pelos EUA após décadas de defesa do mercado aberto. “Isso destrói aquele discurso do Consenso de Washington dos anos 1980, de [Ronald] Reagan e Margaret Thatcher, que pregava a ausência de barreiras comerciais e a liberdade de mercado”, afirmou.
Lula reforçou que o Brasil não tem histórico de conflitos internacionais, mas não recuará diante das sanções comerciais impostas pelos Estados Unidos. “Somos um país de paz, preferimos um abraço a um murro e um beijo a uma mordida”, completou.
Brasil mantém postura cautelosa
O governo federal tem adotado cautela na resposta às tarifas comerciais impostas por Trump. Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que um balanço detalhado das relações comerciais entre Brasil e EUA está sendo elaborado para avaliar os impactos das medidas.
“A área econômica, sobretudo o Ministério do Desenvolvimento, liderado pelo vice-presidente, está analisando nossas relações comerciais para garantir que a reciprocidade seja um princípio observado por ambos os países”, disse Haddad.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin (PSB), reforçou a posição do governo e destacou que o Brasil não representa um problema comercial para os Estados Unidos.